Foi o poeta Tagore quem primeiro chamou Gandhi de Mahatma, apesar de Gandhi ver com ressalvas essa denominação. Sobre a ação do poeta, disse o Mahatma: “O poeta é um ser capaz de despertar o bem que dorme no fundo do coração humano. Os poetas não exercem sobre todos os indivíduos a mesma influência, todos os seres não atingem o mesmo grau de evolução”.
Gandhi não foi um criador das palavras. Ele foi um poeta das ações. Ele tecia em sua roda de fiar e colhia o sal proibido. Metáforas diárias. Seu agir poético criou uma reação de paz a uma ação de violência. Ou uma ação de paz a uma reação violenta. Uma antítese praticada.
Nossas ações de protesto contra a violência, o preconceito e a corrupção, nossas ações de solidariedade contra a miséria e a fome têm sido somente externas e agendadas. Fazem parte de nossa história política e de nosso calendário de finais de semana, feriados e dias santos. Não chegam perto de nossa história literária e de nossa rotina. Isso porque muitas dessas ações não são movidas pelo bem despertado, mas por uma culpa conscientizada.
Seríamos capazes de um agir poético movido pelo bem despertado no fundo do coração humano?
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