As espécies expositivas também são
diferenciadas de acordo com a continuidade ou descontinuidade do
todo espacial e simultâneo. Os conceitos equivalentes à ordem espacial são as noções de
todo e parte, e de inclusão e exclusão.
O todo
As noções de “todo” e “inclusão” dão a
forma de todas as espécies
literárias que possuem uma natureza de lista, de índice, de inventário, de
acumulação e enumeração, cujo modelo por excelência é a enciclopédia.
Pertencentes a essa espécie são todas as subespécies de trabalhos didáticos e
informativos.
As partes
Contrapondo-se à indiscriminada
abrangência da lista, a ideia de sistema, ou de organização, também é voltada
para um “todo”, mas um todo que é separado e classificado
em suas peças, aspectos e dimensões, sendo, portanto, submetido a uma
sequência de "exclusões". Esse é o tratado ou espécies
sistemáticas.
A inclusão num
Todo
De um lado, há os trabalhos que,
lidando com um assunto particular, pretende inseri-lo em um corpo pré-existente
de conhecimento, que já foi sistematizado. Essa espécie de trabalhos
é denominada tese (thesis), que vem de um verbo latino que
significa "colocar".
A inclusão em
partes
No entanto, se a ideia a ser
apresentada não tem compromisso formal ou decisivo com um sistema pré-existente
de conhecimento, então o que o autor faz é acrescentar livremente mais uma ideia
para o amplo e vago repertório de ideias humanas. Isto é precisamente o que faz
a espécie ensaio.
O espaço
indefinido
A diferenciação das espécies expositivas
podem assim continuar indefinidamente, por meio da simples
aplicação dos critérios de todo e parte, inclusão e exclusão. Existe também uma
infinidade de arranjos possíveis.
“Os gêneros literários, a rigor,
são realidades arquetípicas:
a dificuldade em ver está no sujeito e não no objeto”
(Os gêneros
literários: seus fundamentos metafísicos. O. de Carvalho)
Continua em Os
gêneros literários – a Aspiração