Um modo de se fazer compreensível ou de compreender a si mesmo, chegando à mais interior e solitária contemplação. Um modo de alcançar uma compreensão maior do que existe ou de alcançar um grande esquecimento do que existe. Uma ocupação na vida ou um modo de viver. Assim Rilke descreve a arte ao longo de suas cartas.
Rilke escreve que a arte não tenciona criar mais artistas. No entanto, as criações brotam de sua origem inesgotável, põem-se calmas e superiores em meio ao que existe. Tornam-se involuntariamente exemplares para toda atividade humana. E isso acontece porque as criações artísticas são livres e intensas. E, principalmente, porque elas não têm um interesse próprio.
Para o poeta a obra de arte não é um objeto oferecido ao público, mas um objeto que foi puramente posto numa existência e duração imaginárias. O artista age no reino da obediência, renunciando ao ganho e à perda. A maior tarefa de pesquisa sobre a arte seria a de criar para a obra artística sua situação particular, indescritível.
Penso que esta postagem responde duas perguntas que foram feitas recentemente por alguém que leu este blogue: “O que vocês ganham com isso? Tem muita gente lendo?".
Penso que esta postagem também complementa algo já tratado na postagem Filosofia da Arte, quando Rilke entende a arte como um modo de viver e escreve: “No que crio sou verdadeiro. E gostaria de encontrar a força para basear minha vida totalmente nessa verdade”.