Para Eliot a poesia tem uma função geral e várias funções específicas.
No princípio era o verbo e a poesia tinha funções mágicas e ritualísticas (ainda teria atualmente?). Mas o verbo se fez carne e a poesia passou a ser um veículo de informação, um meio para fornecer instrução moral. Além das funções religiosa e didática, a poesia tem ainda outras funções específicas. A poesia satírica causa hilaridade, a filosófica é analítica...
Já a função geral da poesia seria a de comunicar alguma experiência nova, algum entendimento diferente do familiar, algum sentimento para o qual ainda não temos palavras de uso corrente. A poesia ampliaria nossa consciência ou apuraria nossa sensibilidade.
O novo... Interessante que hoje temos tanto desejo pelo novo, pela novidade, pela notícia, pelo lançamento e tão pouco desejo pela poesia. Se ninguém lê poesia, para que escrevê-la? É a poesia atual que não consegue captar o novo ou o novo atual que, na verdade, envelheceu precocemente? Perdeu-se a afinidade entre o novo e a poesia? É este o elo perdido? O elo perdido é a palavra perdida?
Alguns livros e alguns posts depois, penso estar me afastando da minha pergunta mas para que serve a poesia?. Deixo-a não em companhia de uma resposta, mas em companhia de outra pergunta, feita pelo próprio Eliot: “por que não podemos parar de escrever poesia?”. Segundo o poeta e crítico, porque as pessoas vivenciam o mundo de formas diferentes em diferentes épocas e lugares.
Podemos nos perguntar para que serve a poesia. Não sei se encontraremos uma resposta definitiva. O que não podemos fazer é parar de escrevê-la enquanto nos perguntamos ou parar de nos perguntar enquanto a escrevemos, pois isso seria perder uma das formas de nos encontrarmos no mundo.