Ainda procurando saber para que serve a poesia, cheguei até Vico. Ele escreve que o trabalho mais sublime da poesia é dar senso e paixão às coisas sem sentido. “A grande poesia deve cumprir a tarefa de inventar sublimes fábulas, adequadas ao entendimento popular, e comovê-lo ao máximo para atingir o fim que a si próprio se prefixou, qual o de ensinar o povo a agir virtuosamente.” Realmente penso que a poesia, se não explica o mundo para mim, pelo menos lhe dá sentido. Um sentido bem particular, é verdade, mas com a poesia não me sinto tão desnorteada. Um entendimento que independe de explicações, é verdade, mas não me sinto tão rodeada de absurdos.
Depois de ler Vico passei a considerar mais a etimologia como fonte de saber. “A mente humana inclina-se, mediante os sentidos, a fazer-se visível no corpo e, por meio da reflexão, a entender-se a si própria. Daí o princípio da etimologia, nas quais os vocábulos são transpostos dos corpos e das propriedades dos corpos para a significação das coisas da mente e do espírito”. Gostaria que isso transparecesse no blog.
A leitura desse livro trouxe-me também a hipótese de que primeiro ocorreu falar em verso e, depois, em prosa. A primeira história pode ter sido a poética. Vico abriu para mim as possibilidades de uma sabedoria, uma lógica, uma moral, uma econômica, uma física, uma história, uma razão poética. Com isso, começou a deslocar a minha pergunta (para que serve), que estava muito próxima do fim, da finalidade, para uma pergunta mais próxima do começo – qual o verdadeiro princípio da poesia?